10 de mai. de 2009

"Não quero a felicidade"

"Se existe um motivo para se orar, eu quero uma oração que me livre da felicidade. Como assim? Eu acredito fi-el-men-te que a felicidade constante é totalmente estúpida. Ela só serve para aqueles que desejam uma vidinha normal, uma caminha mais ou menos morna, um beijinho seco de boa noite. Para quem quer viver de rotina. A rotina que mata qualquer paixão. Qualquer chama. Qualquer faísca que possa incendiar uma vida. A felicidade nos emburrece. Ela nos entorpece. Eu quero sentir tudo. Deixa doer. Desculpa falar a verdade, mas a felicidade é uma cama morna. Eu, particularmente, preciso de calor. Preciso de brilho nos olhos. Suor nas minhas costas. Preciso do sangue borbulhando em minhas veias. Preciso do arrepio do desejo.Se fosse para eu rezar, eu pediria que me mantivessem no meu caminho de pedras e espinhos, de montanhas e desfiladeiros. Quero sangrar e chorar com a dignidade de fazer o que preciso fazer a explodir em mil fogos e chover, brilhando, uma vez a cada cinquenta facadas. Eu quero sorrir sem limpar o sangue seco, porque vale a pena. Tudo vale, porque não saio da minha trilha. Não sei e não quero aprender a andar fora dela. Fora dela não há sentido, não há vida, não há nada além do vazio que me engole quando menos espero, como uma nuvem, uma sombra maldita que me atormenta desde sempre. Dai-me a força e a coragem de ir até o fim com a cabeça erguida e os olhos fechados."

Nenhum comentário:

Postar um comentário