8 de set. de 2009

Hug hug ?



Jaqueline de repente sentiu que deveria pedir desculpas.
E esse sentimento não surgiu enquanto estava em seu chão gelado, ou em seu cantinho na parede. Ele surgiu durante o banho. Equanto a água quente corria em seu corpo, e esquentava sua alma.
Então, como se nada mais importasse, ela soube que deveria sair correndo, mesmo que molhasse o quarto inteiro, e devia escrever. Por mais que soubesse que dificilmente ele voltaria a ler as coisas que ela escreve. Porque ela sabe que ele ficou magoado. E ela tem mania de achar que suas coisas nao magoam os outros...mas quando ela descobre que magoaram ela faz de tudo para se redimir.
Ele mandou ela se internar...mas ela não disse à ele que já se tratava. Em habeas corpus, literalmente, mas se tratava. E ele era um tema corriqueiro na relação paciente-psiquiátra. Ele disse também que ela era um exemplo perfeito de narcisismo...ela ainda nao pensou muito a respeito, mas sabe também que ele é meio ruim de piscologia...talvez dessa parte ela consiga escapar.
E tudo aquilo que por muito tempo ficou brincando de pula-pula em sua garganta, deslizando pelas ramificações de seu estômago tiveram a oportunidade de saltar além de seu pequeno universo.
E eles conversaram, e ela disse o que tinha pra dizer. E eles, pela primeira vez na história, conseguiram entrar em um acordo pacífico.
Mas Jaqueline jamais pedirá desculpas assim, "Desculpas" na cara dele. Porque isso seria inflar demais aquele ego redondinho. Entao ela escreve....desculpas.
Não que ela saiba necessáriamente porque. Ela sabe que nao se porta bem 100% do tempo. Mais é aí que está a graça, ou a desgraça de seu personagem. Ela não é linear, nem preta e branca, nem colorida. Talvez ela seja verde. Ou amarela...eca, Jaqueline odeia amarelo...ela preferia ser qualquer cor no mundo do que ser amarela. Ew.
Então, por mais que tenham feito as pazes, e que vão sim tentar ser amigos, ela no fundo sabe que isso nao vai durar muito... que é só questão de tempo para que eles se irritem...e quebrem o pau de novo, e saiam gritando e se xingando.
Mas dessa vez ela espera conseguir esquecer, relevar, enterrar, e lembrar das risadas que compartilharam juntos... dos momentos engraçados, do abraço perfeito, do encaixe delicioso que ela encontrava nele...das conversas cabeça, das nem tão cabeças assim. Das brincadeirinhas...dos esconde-escondes de luz apagada, do desafio de quem bebe mais. Das folguinhas dela com os amigos dele, da relutância dos dois ao se encontrarem... Dos olhares negados, dos olhares disfarçados pelo canto do olho quando ele achava que ela nao estava olhando. Dos pensamentos na madrugada, das inúmeras mensagens...
Pensando assim parece que foi algo que durou muito tempo...
mas não durou...
Durou o tempo suficiente para não ser insignificante, como ele mesmo disse.

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