7 de jul. de 2010

A Mudança


Tudo, tanto. Tão pouco tempo. Tanto pra escrever que ela mal sabe por onde começar.
Aquela viajem mudou sua vida. Ela nunca imaginou que apenas cinco meses fora podia mudar tanto sua cabeça, mais deixar algumas atitudes exatamente as mesmas.
Jaqueline saiu de São Paulo loucamente apaixonada. Olhar para ele garantia a felicidade de um dia. Sentir seu cheiro, de mais um dia. Só de estar ao seu lado ela se sentia a única e mais importante mulher que jamais entrou naquele território. Na suíte nupcial, como ele diria.
E em vinte anos, ele foi o único que a fez considerar a tão temida palavra: Casamento.
Por ele, a menininha da cidade grande, ávida por movimento, resolveu que moraria no interior. Ele a tratava tão bem, e ela o queria tanto que de repente, perder algo tão pequeno como coisas corriqueiras pareceram simples.
Se era amor, ela não sabia. Mas ela sabe que mudou. É muito bom estar do lado dele, sempre. É gostoso. O sexo é fenomenal, o carinho delicioso. Mas o sentimento ja nao é mais o mesmo, nem de perto.
Ela o adora, e disso não existe duvida. Mas a tal viagem mudou seu jeito de ver as coisas.
Na primeira vez que se viram ela já notou algo extremamente errado, deslocado, avulso. E disse a ele que ele tinha mudado muito enquanto ela esteve fora. E a sua resposta, por mais curta que seja, fez ela entender tudo o que estava se passando dentro dela:
"Eu continuo o mesmo. Eu não mudei. Será que essa sua viagem que não mudou o seu jeito de olhar as coisas?"
Na mosca.
Essa é a nova Jaqueline. Tá tudo tão diferente, tá todo mundo TÃO IGUAL ! É um sentimento desesperador ! Ela gosta da companhia dele, mas entendeu, finalmente, que eles tem objetivos de vida diferentes. Ela quer alcançar o ápice de sua carreira como publicitária, ele só quer ir morar na fazenda. Ela quer milhões, ele se contenta com mils.
Jaqueline se viu num ponto, em um relacionamento que nem ao menos é um relacionamento, no qual aquele que estava a seu lado jamais lhe traria mais do que bons momentos. Logicamente, bons momentos são excenciais.
Mais não se desacompanhados por segurança, admiração e cumplicidade.
Ela entendeu que daquilo ela já tinha tirado o que tinha pra tirar. Que dificilmente aprenderia algo mais. Que ele já nao tinha muito o que acrescentar a ela.

E isso, algo que parecia que seria tão dolorido de aceitar, foi uma das decisões mais facies que ela tomou em toda sua vida. Não promete que vai se afastar dele, pois os bons momentos continuam sendo bons, mas vai regrar sua vida de forma diferente agora. Pelo menos pretende.
Ela sabe que ela é ruim em falar e fazer. Ela sempre fala, toma decisões, e depois de um tempo esquece. Até promessa ela faz. Mas não adianta. As coisas só vão realmente dar certo, quando tiverem que dar. Quando aparecer alguem capaz de amarrá-la pela cintura, e fazê-la entender onde está a ordem no mei ode tanto caos.

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