
Existem palavras fantásticas. Tem aquelas que nem sempre expressam coisas boas, mas são adequadas como nenhuma outra pra descrever ou definir uma coisa. Aquela que mata. No ponto. Na hora.
Palavras são pedras, são pétalas, elas são o que a boca quiser que elas sejam. Ou o coração, muitas vezes traído pela boca. A palavra ideal é aquela que atinge a gente bem no meio do peito, flecha certeira, envenenada. Atinge, diz tudo, ponto final. Se é boa ou má, isso depende de quem usa, da propriedade com que usa, do momento, da forma com que foi recebida.
Se alguém te olha nos olhos, bem no fundo deles, e diz com vontade e convicção “te
acho um bosta”, pronto. Nem uma palavra mais faz-se necessária. Você ouve, pensa na figura, no cheiro, no arrepio de náusea e... voilà! Tá entendido.Você se vê a própria bosta. Já se alguém te olha morrendo de ódio, espumando, na hora da briga, da berração, da raiva, grita um “te acho uma bosta!”...aí tem. Ele nao te acha uma bosta. O momento fez com que ele te achasse.
Palavra de xingamento tem que ser usada sem titubeações. Xingar é coisa pra gente firme, convicta. Não é pra qualquer um, não.Tem que ser MUITO macho. Independente do sexo. Tem muita gente que xinga baixo, singa por dentro, pro outro nao entender direito. Nesse caso, faça-me um favor: cale-se. Se nã consegue xingar direito, não xingue. Na verdade, xingar nem é o caminho certo. Mas como muitas vezes nao tomamos esse caminho ideal, se for fazer faça direito.Faça com vontade, e ponha pra fora, e nao pra dentro. Ou cale-se.Não perca a pose. De repente, pode ser tudo o que te resta.
Palavra e cabeça quente não vão bem juntas. É tipo feijão com banana. Nunca entendi porque alguem come essa combinação. A cabeça quente estraga toda a produção arquitetonica que uma palavra tem. Se as palavras de amor mais lindas são ditas quando quebram um silencio que parecia eterno, as palavras destinadas a machucar nao deveriam ser diferente. Não use palavras quando sua boca estiver a ferver com a quentura da cabeça. Isso só fará de você um belo cozinheiro de arrependimentos.Tenho aprendido isso ultimamente. Tenho engolido muitos sapos...mas prefiro guardar pra mim, e pro querido leitor, aquilo que me prende, ao invés de saire gritando e perder minha razão. Afinal, ela ainda pode ser alguma das poucas coisas que pode me restar.
Espere, amigão...esfrie. Conte até 9547. Depois que passou a raiva, pode ter certeza que nuvens se abrirão e, lá estará, no pote de ouro, no fim do arco-iris, a decisao que vc deve tomar. As coisas sempre estão mais gostosas depois de bem cozidas. Aí sim, escolha suas palavras e proposições, e capriche. Vai surtir muito mais do que mil e um xingamentos. Você vai ser alguem de coiciencia limpa, que sabe o que está dizendo, sem parecer um búfao cuspindo fogo.
O grito dá à palavra uma conotação de descontrole. Em geral desnecessário, aquele mais que é menos. Impossivel ver alguem se descabelando, gritando, e nao achar "meu deus...que mal comida." Se você está contente não precisa fazer escândalo por isso, você por si só ja se contenta !Entao porque deveria demonstrar para os outros se você estiver emputecido ?! A oportunidade válida para os gritos são aquelas de perigo. Aí, ok, esgoele-se! alguem tem que te salvar. Caso contrario, segure sua elegância. Mantenha a pose. Existem poucas situações mais lamentáveis que alguém que grita, exige, acha que manda em alguem ou algo. Aquele que precisa gritar pra se fazer ouvir é quem não atrai atenção, e a partir deste ponto, demonstra sua insignificância perante todos. O charme é falar baixo e ser obedecido, é sussurrar e provocar arrepios. Ou calafrios, se for o caso. Não sou muito aliada das lições católicas, mas ouvi dizer uma vez algo que concordo: "Talvez seja você a única palavra que alguém terá pra ouvir."
Quem só ouve besteira, besteira falará.E caso você seja realmente um bosta, que seja um bosta bem esclarecido.
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